Refletir sobre os julgamentos errados pode ajudar-nos a olhar mais eficazmente para o futuro, para um novo ano.

  • Há quem se tenha enganado na rapidez com que os carros sem condutor se tornariam comuns.
  • Outros acreditavam que o adeus de Steve Jobs à Apple tornar-se-ia um império tecnológico em desvanecimento. 
  • Quantos empregos foram deslocados para a automatização tecnológica e quão rapidamente isso aconteceu?

A tecnologia melhorou a vida e os rendimentos das pessoas, mas os ganhos foram desiguais.

A tecnologia foi aprimorada e atualizada numa escala muito vasta e ampla em um pequeno intervalo de tempo.

O ano de 2021 mostrou como a infraestrutura da tecnologia ainda é fraca, através de exemplos como os servidores em baixo da Amazon, redes sociais do nosso dia-a-dia como o Facebook, WhatsApp, Instagram offline, ou ataques de hackers no principío de 2022, ao Grupo Imprensa.

Sabemos que há empresas que não respeitam a nossa privacidade online e recolhem os nossos dados sem ser transparentes sobre o que estão a fazer.

Partilho alguns exemplos:

Notícias de ferramentas como assistentes pessoais que gravaram informação áudio, sem o nosso conhecimento;

Violações regulares que colocam as nossas informações pessoais em risco

No entanto, essas ferramentas com as quais estamos preocupados também podem tornar as nossas vidas melhores — desde a associação da informação que os médicos escrevem numa consulta a uma plataforma com os dados dos pacientes, até rotas de autocarro que tornam o transporte mais eficiente. 

O resultado? 

A tecnologia por si só não é uma coisa boa ou má;
O uso que damos é o que importa.

A tecnologia ajudou a criar novos empregos, e os salários aumentaram, mas muitos dos ganhos foram para os trabalhadores de alto nível do conhecimento. 

Há bons empregos, mas verifica-se uma ausência em formação e em alocar os melhores recursos para as funções certas.


Dependência Automóvel

Há muitas tecnologias relacionadas com o transporte, incluindo aplicações que facilitaram às pessoas pedir um Uber e acompanhar o trajeto até um determinado destino. O aluguer de carros, motas, trotinetas a partir de uma simples aplicação num smartphone teve um crescimento enorme nos últimos anos.

Todos pensámos que ajudaria as cidades a libertarem-se de uma dependência dos carros, mas não foi isso que aconteceu.

As cidades em Portugal e no mundo são tão dependentes dos carros, não porque nos faltem opções ou alternativas tecnológicas, mas porque temos políticas que subsidiam os automóveis e uma ausência no investimento em trânsito público?


Uma boa medida, implementada pela Câmara Municipal de Lisboa, no início de 2022, são os passes de transportes gratuitos para menores de 23 e maiores de 65 anos. Só falta convencer outros municípios e mais redes de transportes públicas.
No entanto, o serviço não pode falhar.

A tecnologia pode ser útil, mas muitas vezes é um crédito extra quando ainda não passámos no teste básico.

Muitas pessoas afirmaram que teríamos carros autónomos em todas as estradas até 2020. Contudo, ainda está a ser resolvido como os veículos autónomos funcionam com neve ou mau tempo. 

Também por resolver estão os algoritmos de visão por computador em carros autónomos que não detetam corretamente pessoas negras. Vários estudos indicam que os veículos autónomos podem gerar desigualdade racial nas rodovias. Precisamos de nos preocupar com o desenvolvimento dos sistemas de reconhecimento facial.


Algoritmos na tecnologia digital

Algoritmos são um conceito-chave na área da tecnologia digital. 

Apoiam a representação e descrição de uma sequência de etapas e decisões necessárias para resolver problemas. 

Algoritmos são instruções automatizadas e podem ser simples ou complexos, dependendo de quantas camadas de profundidade. A área de machine learning e a inteligência artificial são conjuntos de algoritmos, mas diferem dependendo se os dados que recebem são estruturados ou não estruturados.

Os algoritmos são usados ​​para cálculos, processamento de dados e raciocínio automatizado, tornando-se uma parte omnipresente das nossas vidas.

Esperava que uma conversa pública sobre preconceitos raciais nos algoritmos levasse a que as empresas tomassem melhores decisões sobre a implementação de tecnologia que tenha preconceitos raciais, de género ou de capacidade óbvios. 

Gostaria de estar menos errado sobre isto em 2022.

Se houver uma lição a partir destas respostas variadas, pode ser que tenhamos uma tendência para sobrestimar e subestimar a quantidade de mudanças que a tecnologia pode provocar no mundo. 


Educação na tecnologia

É agora mais fácil, embora longe de ser perfeito, ter acesso a registos de saúde devido às mudanças políticas e tecnológicas ao longo da última década.
Há hoje muitos serviços de saúde com sites próprios e aplicações para telemóvel para consulta privada de informação, que guardam e disponibilizam o acesso fácil ao histórico de saúde do utente.

Presumi que os registos educativos eletrónicos viriam rapidamente depois disso. E não vieram. Os trabalhadores, pais e empresas ainda não têm uma forma simples de recuperar registos de educação e formação profissional. 

Os que procuram emprego nem sempre se lembram de todas as suas certificações e formação que os poderiam ajudar a obter um trabalho melhor e salários mais elevados. 

Os trabalhadores e os pais têm muita burocracia para obter o histórico escolar e outros registos que, muitas vezes, ainda são mantidos em papel.
«Se o documento não estiver carimbado com relevo, não é válido.» 🙄

As empresas passam muito tempo a verificar as credenciais, diplomas e certificações das pessoas, nomeadamente quando analisam opções de recrutamento.


A ciência da conexão

A interação mediada por tecnologia revela uma literatura ambivalente. 

Alguns estudos mostram que o tempo gasto na socialização online pode diminuir a solidão, aumentar o bem-estar e ajudar os socialmente ansiosos a aprender como se cria relações com outras pessoas. 

Outros estudos sugerem que o tempo gasto na socialização online pode causar solidão, diminuir o bem-estar e promover uma dependência incapacitante na interação mediada pela tecnologia a ponto de os utilizadores preferirem uma conversa cara a cara.

O impacto da tecnologia social é mais complicado.
Comportamentos superficialmente semelhantes têm consequências fundamentalmente diferentes. 

Para compreender as consequências da socialização online, precisamos de aprofundar os fatores e circunstâncias situacionais. 

Quando, como e porque algumas interações online são ótimas, enquanto outras são perigosas?

A estrutura de comportamentos de conexão interpessoal não explica tudo o que pode influenciar o nosso bem-estar depois de passar um tempo nas redes sociais. 

A Internet apresenta muitos outros perigos — por exemplo, a sensação de perda de tempo ou contágio emocional de notícias negativas. 

Temos de estudar os detalhes de como as pessoas estão a gastar o seu tempo online, se quisermos compreender os seus prováveis ​​efeitos.


Saúde na tecnologia

Há muito que sabemos, através de vários estudos como a American Optometric Association (AOA), que o uso prolongado de computadores, tablets e telemóveis pode causar fadiga ocular digital.

Os sintomas de fadiga ocular digital podem incluir:

  • olhos secos;
  • dores de cabeça;
  • dor no pescoço e ombro.

Os fatores que contribuem são o brilho do ecrã, má iluminação e uma distância de visualização inadequada.

Há uma associação clara entre o uso de smartphone e os problemas no pescoço.

Um estudo descobriu que, entre os adolescentes, as dores no pescoço e nos ombros e na região lombar aumentaram durante a década de 1990, ao mesmo tempo que aumentava o uso da tecnologia de informação e comunicação.

Em 2021, a pesquisa no Google pelo termo «dor nas costas» teve um crescimento de 76% desde o início da pandemia no Brasil, de acordo com o Google Trends, serviço de análise de tendências.

Em Portugal, 5600 pessoas pesquisam dor de costas por mês, naturalmente nem sempre relacionado ao tema dos efeitos da tecnologia.

Na verdade, o uso excessivo da tecnologia também pode causar lesões por esforços repetitivos dos dedos, polegares e pulsos.

Para reduzir estes problemas, pode realizar as seguintes etapas:

  • faça pausas frequentes para alongar;
  • crie um espaço de trabalho ergonómico;
  • mantenha uma postura adequada ao usar os seus dispositivos.


Efeitos negativos da tecnologia nas crianças

As descobertas de um Estudo de 2014 sugerem que a tecnologia parece afetar a saúde de crianças e adolescentes.

Os pesquisadores usaram uma definição ampla de tempo de tela que incluiu:

  • televisão;
  • videojogos;
  • telemóveis;
  • brinquedos tecnológicos.

O recreio não estruturado é melhor para o cérebro em desenvolvimento de uma criança do que os meios eletrónicos. Aos 2 anos, as crianças podem beneficiar de algum tempo na tela, mas isso não deve substituir outras oportunidades importantes de aprendizagem, incluindo o tempo de brincar.

A pesquisa relacionou muito tempo de tela ou tempo de tela de baixa qualidade a:

  • problemas comportamentais;
  • menos tempo para brincar e perda de habilidades sociais;
  • obesidade;
  • problemas de sono;
  • violência.

Como os adultos, as crianças que passam muito tempo em dispositivos digitais podem apresentar sintomas de cansaço visual. 

Um estudo de 2018 com adolescentes de 15 e 16 anos encontrou uma associação entre o uso frequente de redes sociais e o desenvolvimento de sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).


A tecnologia é boa ou má?

Tudo com moderação. 

Existem algumas ferramentas verdadeiramente maravilhosas. Não é preciso apagar as contas das plataformas ou atirar o computador pela janela para ter uma relação positiva com a tecnologia. 

Tudo o que realmente precisa é de estabelecer alguns limites saudáveis.

Crie limites claros para quando planeia estudar e quando é altura de fazer uma pausa. 

Experimente e veja o que funciona — e o que sente — melhor para si.

Tire um momento para se perguntar: Estou realmente a beneficiar da utilização desta peça de tecnologia? 

A título de exemplo, 15% a 25% dos novos utilizadores que compraram o assistente Alexa (Amazon) já não usaram o dispositivo na 2.ª semana.

Estou a utilizar esta ferramenta de forma consciente e como foi concebida ou será que ela ganhou vida própria? 

Estou a tirar mais proveito dela do que estou a gastar — em tempo, dinheiro ou energia? 

Aproveite o apoio personalizado de outras pessoas que ajudá-lo-ão a gerir o tempo da sua tecnologia e a concentrar-se para atingir os seus objetivos pessoais.

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