Elon Musk foi nomeado a Personalidade do Ano da revista TIME 2021, e, embora seja conhecido pelos seus tweets sobre Dogecoin e sobre o apoio de Bitcoin, as suas maiores contribuições para o mundo são os carros elétricos e foguetes reutilizáveis, um prelúdio da revolução da tecnologia.

Poderia argumentar que a Tesla e SpaceX são um exemplo de empresas tech-first que se dedicam a refazer indústrias que apenas viram os computadores como uma ferramenta, não como a fundação.

O Metaverso, mostrou que não se trata de comer o mundo, trata-se de criar um inteiramente novo, do entretenimento à comunidade, ao dinheiro à identidade.

Se Elon Musk quer ir à lua, Mark Zuckerberg quer criar luas inteiramente novas no espaço digital.

A ligação mais importante entre o Metaverso e o mundo físico são as pessoas, os utilizadores, como sempre foi.

Tech Grau Zero: Eu sou o produto

A tecnologia do consumidor foi dominada pela Apple e Google alicerçada pelos dispositivos. Facebook e Google agregam o lado dos serviços, um tema destinado a descer ao mundo da política e da regulação.

A crítica do lado dos consumidores é sobre a excessiva publicidade e capital e menos sobre o uso de uma determinada tecnologia.

A interação moderna pode ser a evidência de que a cultura romantiza ou naturaliza a tecnologia mais antiga quando confrontada com a nova tecnologia moderna.

«Os anunciantes querem públicos com uma característica específica – o maior poder de compra. Como resultado, as estações de TV envolvem-se em transmissões, nas quais direcionam a sua programação a um público-alvo específico».
Fonte: (Shumway, 2003). 

«Embora as redes de TV não tenham captado dados pessoais dos telespectadores em nada parecido com a escala que o Facebook faz hoje, estudaram cuidadosamente os dados demográficos do seu público e apresentaram-nos aos anunciantes. O Facebook pode exibir o seu anúncio para homens de 25 a 54 anos em Houston, cujos hábitos de navegação sugerem que gostam de futebol; a afiliada da ABC em Houston pode exibir o seu anúncio para todos que estão a assistir Monday Night Football, com resultados praticamente semelhantes.»

Fonte: QuoteInvestigator, Will Oremus

A evolução da tecnologia foi marcada por uma devolução crescente de autonomia ao utilizador individual.


Tech 1.0: A Invenção da IBM

O transístor foi a fundação da computação moderna, inventado nos Laboratórios Bell em 1947 pelo grupo de física liderado por William Shockley. 

O verdadeiro avanço foi IBM System/360 modular e expansível, em 1964, por Gene Amdahl, sendo o primeiro computador comprado pela maioria das empresas, incluindo o SC&P fictício da Mad Men

Foi a primeira família de computadores a fazer uma distinção clara entre a arquitetura e a implementação, permitindo que a IBM lançasse um conjunto de projetos compatíveis em várias faixas de preço.

Os empregadores compravam os computadores para os seus empregados, porque os computadores os tornavam mais produtivos.

Quando os consumidores começaram a ficar habituados a utilizar computadores no trabalho, um número crescente quis comprar um computador para a sua casa.»

Leia também: Metaverso e a despromoção do físico 2021

Havia certamente uma ligação entre a IBM e a Lua: 

A IBM ajudou a desenvolver e a acompanhar os voos exploratórios iniciais da NASA e a eventual missão lunar. 

Aqui na terra, porém, o Departamento de Justiça decidiu, em 1969, que a empresa violava as leis antimonopólio. O caso seria abandonado 13 anos mais tarde, mas não antes da IBM separar voluntariamente o seu software e serviços do seu hardware, criando o primeiro mercado para o software


Tech 2.0: O Rei da Colina

Quando o Departamento de Justiça processou a IBM em 1969, a Intel já tinha sido fundada.

Um engenheiro da Intel chamado Frederico Faggin concebeu o primeiro microprocessador, o Intel 4004, que reduziu muitas das funções dos computadores do tamanho de uma sala da IBM a um único chip

Dez anos depois, a IBM lançou o PC IBM, alimentado pelo microprocessador Intel 8088.

  • Intel = Chips
  • Windows = sistema operativo.

As empresas compravam o PC IBM com Windows DOS e os programadores estavam motivados a fazer software para DOS. Quanto mais software para DOS, e mais tarde Windows (que era retrocompatível), mais as empresas procuravam computadores baseados em DOS/Windows. 

Ao longo do tempo, cada vez mais pessoas que utilizavam computadores no trabalho queriam funcionalidades semelhantes em casa, o que significava que o DOS/Windows dominava também o mercado de consumo.

Assim, nasceu outro processo do Departamento de Justiça, desta vez contra o alegado monopólio da Microsoft; esse processo acabou também por ser arquivado (embora tenha continuado a viver sob várias formas na UE durante anos). 

Mais uma vez, porém, o paradigma seguinte que tornou imaterial o bloqueio do aparente monopolista já estava em vigor: a Internet podia ser acedida a partir de qualquer computador, independentemente do seu sistema operativo. 
Na época, foi um dos grandes momentos da revolução da tecnologia.

Além disso, num eco da desagregação voluntária de hardware e software da IBM, foram criadas as condições para a próxima evolução da tecnologia.
A Microsoft introduziu o XML Http Request API, no Internet Explorer.

O XML Http Request foi originalmente projetado pela Microsoft e adotado pela Mozilla, Apple e Google.

Resumidamente, é uma API/código que fornece funcionalidade ao cliente para transferir dados entre um cliente e um servidor. Fornece uma maneira fácil de recuperar dados de um URL sem ter de fazer uma atualização de página inteira. Isso permite que uma página da Web atualize apenas uma parte do conteúdo sem interromper o que o utilizador esteja a fazer. 


Tech 3.0: Software Come o Mundo

  • A Tech 1.0 era sobre hardware;
  • a 2.0 sobre software;
  • a 3.0 sobre serviços.

Do lado das empresas, significa o desenvolvimento da nuvem pública e de aplicações de software como serviços que nada mais requeriam que um navegador/browser e um cartão de crédito.

O famoso ensaio de Marc Andreessen para 2011, Software Is Eating the World, é realmente sobre esta transformação de software que instalou no seu computador, que o levou a usar a Internet:

As empresas de todas as indústrias precisam de assumir que estamos na revolução do software

Grandes empresas de software em atividade como a Oracle e a Microsoft estão cada vez mais ameaçadas pela irrelevância por novas ofertas de software como Salesforce.com e Android (especialmente num mundo em que a Google é proprietária de um grande fabricante de telemóveis).

Em algumas indústrias, particularmente aquelas com uma forte componente do mundo real como o petróleo e o gás, a revolução do software é, principalmente, uma oportunidade para os operadores históricos. 

Devemos olhar para esta situação do ponto de vista de que a tecnologia, durante os primeiros 50 anos da sua existência, competiu principalmente consigo mesma: 

  • Quem poderia fazer o melhor sistema operacional?
  • A melhor base de dados?
  • O melhor sistema ERP?

Tudo isto foi, então, adotado por empresas que viram grandes ganhos de eficiência. 

A revolução SaaS, no entanto, viu a tecnologia transformar os seus sites nos mercados que essas empresas serviam, trazendo para o mercado formas inteiramente novas de resolver problemas que começaram com a maleabilidade e escalabilidade do software como um princípio fundamental e não simplesmente como uma ferramenta para fazer a mesma coisa de forma mais eficiente.

O comércio eletrónico, por exemplo, era uma história onde o protagonista era a Amazon, e as redes sociais eram dominadas pelo Facebook.

O que tornou o Facebook tão popular antes, como agora é o facto de ser viciante, foi a representação online das suas relações offline, sejam elas familiares, colegas de turma, amigos ou colegas de trabalho. 

Isto também explica porque é que os add-ons mais bem-sucedidos do Facebook, como Marketplace e Grupos, estão eles próprios frequentemente enraizados no mundo físico. 

revolução tecnológica

Estas relações representam um efeito de rede — quantas mais pessoas conhece que estão no Facebook, mais valioso é para si e, mais uma vez, os reguladores vieram bater à porta, neste caso a Federal Trade Commission, uma agência federal norte-americana, que tem como missão a proteção ao consumidor e a jurisdição sobre concorrência em amplos setores da economia.

Enquanto o poder de mercado da IBM se baseava numa integração de cima para baixo que excluía completamente os concorrentes, o da Microsoft era sobre uma rede com dois lados que estava amplamente aberta aos criadores.


Tech 4.0: O Metaverso

Um dos maiores tópicos de 2021 tem sido o Metaverso, graças em grande parte ao pivot do Facebook para o Meta (mesmo que a Microsoft tenha sido a primeira). 

Tem sido complicado, no entanto, definir exatamente o que é o Metaverso: cada um tem uma definição diferente.

Nas palavras do CEO Mark Zuckerberg:

«Penso que há um mundo físico e um mundo digital. Cada vez mais, estes estão a ser sobrepostos e a juntar-se, mas eu argumentaria que cada vez mais o mundo real é a combinação do mundo digital e do mundo físico e que o mundo real não é apenas o mundo físico. Isso, penso eu, é um tipo interessante de enquadramento para pensar sobre o avanço destas coisas.»

Escrevi amplamente sobre o tema nestes artigos:


Revolução da Tecnologia segundo Bill Gates

Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, prevê que, daqui 2 ou 3 anos, a maioria das reuniões virtuais vai acontecer no metaverso – o mundo virtual com avatares considerada uma das grandes apostas de grandes empresas de tecnologia.

A previsão do bilionário de 66 anos foi feita numa publicação no seu site pessoal, com um balanço dos últimos 12 meses e algumas projeções para o futuro.

«A aceleração da inovação está apenas a começar.
Nos próximos dois ou três anos, prevejo que a maioria das reuniões virtuais se moverá das grades de imagens de câmaras 2D que chamo de modelo Hollywood Squares (…) para o metaverso, um espaço 3D com avatares digitais.
O Facebook e a Microsoft, recentemente, revelaram as suas visões, o que deu à maioria das pessoas a primeira visão de como será.»

O metaverso tem estado na boca da Internet e as muitas pessoas creem que o mundo virtual está muito próximo. A Intel discorda e alerta que o metaverso exigirá um poder computacional mil vezes maior do que aquele atualmente disponível.

Para a empresa, as gigantes da tecnologia ainda têm um longo caminho pela frente até ao metaverso.

Como justificação para o seu ponto de vista, Raja Koduri, vice-presidente sénior e chefe do Grupo de Sistemas Gráficos e Informática Acelerada da Intel, diz que o metaverso exigirá avatares, elementos detalhados, como vestuário, tons de pele realistas e objetos 3D, bem como outros elementos apresentados em tempo real.

Apesar de saber que, hoje em dia, existem tecnologias capazes de concretizar isso, acredita que tais tarefas só são possíveis em pequena escala. Portanto, os sistemas não são ainda capazes de processar a quantidade de informação que um metaverso requer.

«Imagine resolver este problema em grande escala, para centenas de milhões de utilizadores em simultâneo. Vão perceber rapidamente que a nossa infraestrutura informática, de armazenamento e de redes não é, hoje, simplesmente suficiente para permitir esta visão.»

A realidade é que a infraestrutura da Internet é instável.

Para fechar 2021, utilizadores em todo o mundo relataram dificuldades para entrar em alguns serviços como as redes sociais Facebook e Twitch e a plataforma online da PlayStation (PSN). 

A falha estava relacionada com a Amazon Web Services (AWS), o serviço de nuvem da Amazon que aloja diversas plataformas na Internet.

A página de suporte do produto indicou problemas de «ligação com a Internet», com vários relatos em dezembro.

Os serviços de armazenamento e alojamento de conteúdos em cloud são dominados pela AWS (1.º lugar), Azure da Microsoft (2.ºlugar) e Google Cloud (3.º lugar).

A Google Cloud tem feito grandes investimentos no segmento de armazenamento em nuvem. Atualmente, a Google Cloud ainda dá prejuízo à Alphabet, mesmo gerando uma receita de US$ 16 mil milhões por ano.

Os processos associados à passagem da evolução tecnológica industrial iniciada entre o final dos anos 1950 e o final dos anos 1970, com o desenvolvimento da eletrónica digital, vai continuar a sua expansão. Seja através da utilização de computadores e crescimento dos sistemas de automação industrial, o futuro poderá ter mudanças radicais trazidas pela tecnologia digital e sistemas de telecomunicações.