De uma perspetiva financeira, a Spotify está a perder muito dinheiro no negócio dos podcasts, e a sangria continuará em 2023.
A perspetiva é que melhore.
O Wall Street Journal refere que a Spotify Technology SA defendeu, recentemente, a estratégia da empresa no «dia do investidor» e delineou planos para se expandir para novos negócios.
Desde que o gigante do streaming se tornou público na bolsa há quatro anos, destacou a lealdade das suas centenas de milhões de ouvintes, as suas recomendações musicais líderes da indústria e o sucesso da sua unidade de podcast.
A empresa também apontou a sua expansão global, o seu crescente conjunto de ferramentas para criadores e áreas em que planeia expandir-se, incluindo audiolivros com destaque para as áreas da educação, desporto e notícias.
A apresentação da estratégia aconteceu no momento em que investidores e analistas já demonstravam preocupação na ausência de lucro a curto prazo da empresa e do deslize de 55 % no preço das suas ações até ao momento.
A Spotify investiu uma boa quantidade de tempo a enfatizar o sucesso da sua abordagem de conteúdo exclusivo.
O negócio de podcasting da Spotify mostra que a aplicação ultrapassou os Podcasts da Apple para ser a aplicação mais utilizada no mundo.
Especificamente, a Spotify é o maior cliente para ouvir estas atualizações, com cerca de 33 % de quota de mercado.
Melhores podcasts: incorporação em produtos de hardware
Esta incorporação apresenta uma grande vantagem para o utilizador no acesso à plataforma, já que funciona em diversos sistemas operativos, enquanto pode simultaneamente controlar com o seu smartphone.
O CEO da Spotify, Daniel Ek, deixou claro que a área de podcasts é estratégica para a Spotify.
«Partilhámos este conceito de ubiquidade em 2018, tornando o Spotify disponível a qualquer pessoa em qualquer dispositivo. E, na altura, era algo que ninguém estava realmente a abraçar. Tínhamos cerca de 250 parceiros. Hoje em dia, a Spotify tem mais de 2000 parceiros – com integrações que vão desde relógios a todas as facetas da vida ligada à internet, incluindo carros e até aparelhos de cozinha. E esta ideia de criar uma experiência verdadeiramente sem fricções para os utilizadores era, na realidade, tanto uma questão de compromisso como de conveniência.»
Atualmente, os ouvintes não só têm acesso a toda a música do mundo como também têm acesso a mais de 4 milhões de podcasts e a um número crescente de audiolivros.
«Tal como na música, graças aos nossos investimentos iniciais na ubiquidade, os utilizadores podem ouvir em qualquer lugar e a qualquer hora. Isto é algo que os nossos concorrentes não priorizaram, porque não têm a mesma abordagem. Este é um ponto-chave de diferenciação para o Spotify.»
O concorrente mais óbvio é a Apple, e a razão da falta de priorização da Apple é clara: já tem o seu smartphone consigo em qualquer lado e idealmente transmite do seu dispositivo para outros ligados através do AirPlay.
A Spotify não tem a vantagem de possuir uma plataforma telefónica, o que significa que também não demonstra uma tendência para fazer tudo a pensar no smartphone; isto é particularmente significativo em casa, onde há sempre mais otimismo em relação ao controlo de voz, por ser o único lugar menos provável de ter o seu smartphone consigo (porque está a carregar).
Em muitas casas, há música a tocar através do controlo de voz sobre a plataforma Spotify.
Suspeito que o YouTube é, a longo prazo, um concorrente mais importante para Spotify do que a Apple.
Não só é omnipresente e a primeira opção para o consumo de redes sociais quanto mais jovem for, como também tem o tipo de autosserviço de publicidade digital a que aspira a Spotify.
Esta pode ser uma razão pela qual a empresa está a investir em podcasts de vídeo; da mesma forma, ao ponto de Ek, as raízes da Spotify como um serviço apenas áudio dá à empresa diferentes prioridades e oportunidades.
Melhores podcasts portugueses
Em fevereiro, a Spotify adquiriu a Podsights e a Chartable, duas ferramentas de analytics populares para os criadores de conteúdos. As novas compras juntam-se a outras semelhantes realizadas pelo serviço de streaming nos últimos anos, incluindo a compra da Megafone em 2020, empresa de tecnologia para podcasts, e da Anchor (2019), plataforma para criar e gerir podcasts.
A Spotify fez dos podcasts uma das suas grandes apostas, com investimentos significativos nos últimos anos, incluindo a contratação do polémico comediante Joe Rogan, responsável por um dos podcasts mais ouvido nos Estados Unidos.
A Chartable é um serviço de análise de dados que permite aos criadores entender e expandir os seus públicos. Concentra a informação na análise de dados para Android e Apple Podcasts.
Exemplo: Quando é publicado um episódio do podcast Marketing por Idiotas, no qual participo, aparece com frequência no ranking da Apple Podcasts — Portugal — Business, no TOP 10, geralmente em 5.º lugar.
Link para a secção de Apple Podcasts >
Quão popular é o podcast Marketing por Idiotas?
Independemente dos rankings, o que mais me surpreende nos 35 episódios em que participei é o impacto do áudio e da respetiva fidelização dos ouvintes.
Eu, o Miguel Rão Silva, o Ricardo Vieira e o Diogo Silva somos muitas vezes surpreendidos com feedback que nos enche a alma, através de áudios com opiniões sobre os temas dos episódios.
O podcast tem um site personalizado em que figuram os episódios completos, um resumo do conteúdo com a curadoria do Diogo Abrantes da Silva e as transcrições.
Os efeitos secundários são muito interessantes.
Ao participar em conferências, é comum encontrar ouvintes que alegremente trocam ideias sobre os episódios.
É trabalhoso fazer um podcast?
Sim, envolve muito tempo, dedicação e algum dinheiro para dar a conhecer.
A minha perceção sobre o trabalho que envolve adveio da experiência, mas principalmente da leitura de 3 livros.
- The Ultimate Guide to Growing Your Business With a Podcast, do autor Seth Greene;
- Podcasting Made Simple: The Step by Step Guide on How to Start a Successful Podcast, do autor Daniel Larson;
- Podcasting For Dummies (4th Edition), do autor Tee Morris.
É importante realçar o papel do Diogo Abrantes da Silva na coordenação e edição do podcast Marketing por Idiotas.
Algumas recomendações simples e úteis:
- Escolha um género de podcast (entrevistas, notícias, comédias, sociedade e cultura, negócios);
- Escreva uma descrição;
- Escolha o nome;
- Escolha uma plataforma de alojamento;
- Escreva a sua lista de tópicos para eventuais episódios;
- Crie a arte para a capa;
- Grave um trailer de introdução;
- Submeta o podcast na Apple;
- E no Spotify;
- Se vai fazer sozinho(a), grave 3 a 5 episódios de pré-lançamento;
- Se envolver outras pessoas, crie processos;
- Crie uma página web dedicada ao podcast;
- Crie uma lista de espera para, no futuro, enviar e-mails.
No podcast Marketing por Idiotas, somos quatro intervenientes.
No modelo atual, três pessoas preparam no dia anterior o tema que desejam trazer para debate. Gravamos na terça-feira à noite, tendo como base um guião simples, útil, que serve como organização de processos para o moderador e todos os envolvidos.
Esta experiência na participação de um podcast reforça a minha convicção na vantagem considerável do negócio dos podcasts em geral.
Um dos argumentos da Spotify é que o seu investimento na personalização e em machine learning será muito eficaz no crescimento dos podcasts, tanto numa categoria como num programa individual (e na monetização dos mesmos).
O principal argumento de quem faz podcasts em Portugal não é certamente a vantagem monetária, mas o prazer e o sentimento de realização pessoal/profissional e o impacto que cria nos outros.
Leitura complementar
- A economia das plataformas digitais
- Lucros astronómicos, Algoritmos, SaaS, e Podcasts 2021
- Tendências 2022: plataformas e-learning
- Como gerar mais visitas ao site com marketing online (2022)
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