Ao contrário do crescimento mundial, o Facebook tem vindo a registar perdas de utilizadores em Portugal, este ano comparativamente a 2020, de acordo com o Reuters Digital News Report 2021, esta semana divulgado.
É motivo de alarme? Enquanto gerar resultados não, mas olhos abertos.
O Facebook tem procurado alavancar a sua capacidade de permitir que os consumidores descubram novos produtos, especialmente durante a pandemia.
Alargou o poder dos seus serviços através de:
- um serviço de encontros;
- listas de empregos online;
- um marketplace;
- um concorrente à Clubhouse;
- uma nova coleção de podcasts;
- salas de chat áudio ao vivo;
- uma secção apenas para estudantes universitários;
- dois spots diferentes para programas de «TV»;
- uma funcionalidade como o TikTok (mas má);
- Software para os trabalhadores de escritório.
No último ano, o Facebook lançou o «Shops», uma plataforma de e-commerce gratuita. Agora, disponibilizou dois novos tipos de anúncios para personalizar a experiência de compra: «públicos personalizados de compras» e «núncios com identificação de produtos», com base na preferência de cada comprador.
O Facebook conta com mais de 300 milhões de visitantes nas «Lojas do Facebook» e tem 1,2 milhões de lojas ativas.
- Um estudo recente da NPD mostra que 51% dos consumidores disseram que o conteúdo encontrado nos seus feeds do Facebook e Instagram resultaram numa compra.
- Facebook (41%), Instagram (35%) e Pinterest (21%) classificaram-se em primeiro lugar numa lista de plataformas online, onde os consumidores descobrem e aprendem sobre os produtos, de acordo com o relatório da Retail Dive. O Tik Tok foi citado por 15% dos entrevistados.
Esta terça-feira, a empresa delineou novos desenvolvimentos para as empresas venderem mercadoria diretamente no Facebook e noutras aplicações da empresa.
O Facebook está a liderar revoluções digitais ou dedicou-se a copiar concorrentes?
Houve tentativas de reinvenção do Facebook, mas neste momento a plataforma está a dotar as suas aplicações com novas funcionalidades.
Está a ser desenvolvida recente legislação nos EUA, que visa as práticas monopolísticas e anticompetitivas dos gigantes da tecnologia dos EUA, com mais regras para as Big Tech, nomeadamente Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft.
O lobby da Big Tech argumenta que os projetos-lei vão restringir a inovação e que poderão prejudicar a privacidade do utilizador, além das pequenas empresas que dependem dos seus serviços.
Estamos a assistir a um enigma que muitas empresas de sucesso enfrentam.
Será melhor concentrar esforços no que a empresa fez bem e com sucesso, mas arriscar a irrelevância se perder a grande novidade?
Ou será mais inteligente partir em novas direções, diversificar, correndo o risco de mexer tanto que a empresa mata a sua galinha dos ovos de ouro?
Do lado otimista, há a realidade em que as empresas de sucesso têm muito poder para repetir coisas boas, já que têm pessoas, processos e produtos.
A Big Tech opera na crença de que as empresas poderosas podem e devem expandir constantemente as fronteiras, mais do que já fazem para continuar a crescer.
Uma empresa que está a ser processada e investigada por ser demasiado poderosa pode estar preocupada com o fracasso.
Mark Zuckerberg, como muitos chefes tecnológicos, deve preocupar-se com a história da tecnologia, na qual as mudanças evolucionárias arruinaram repetidamente o que parecia ser um líder imparável da indústria.
Não há garantias que o Facebook, o Instagram e o WhatsApp vão continuar a ser escolhas dominantes nas comunicações ou entretenimento para milhares de milhões de pessoas.
Muitos utilizadores pode ser um problema de gestão no Facebook?
O Facebook é, por ampla margem, a maior rede social do mundo e, com o surto de coronavírus no primeiro semestre de 2020, os internautas recorreram às redes sociais para se manterem próximos.
No quarto trimestre de 2020, o Facebook tinha quase 2,8 mil milhões de utilizadores ativos mensais globais com um total acumulado de 3,3 mil milhões de utilizadores que acediam em qualquer um dos principais produtos da empresa Facebook, WhatsApp, Instagram e Messenger, mensalmente.
Em Portugal, o Facebook perdeu utilizadores na ordem dos 3,7 pontos percentuais e em relação à utilização para consumo de notícias perdeu 2,5 pontos percentuais. Quase metade (47,7%) dos portugueses que utilizam a Internet usam a rede social Facebook para aceder a notícias.
Este quadro apresenta a receita e o lucro líquido do Facebook de 2007 a 2020. A receita do Facebook cresceu de 7,87 bilhões, em 2013, para 85,97 mil milhões de dólares, em 2020, a maior parte derivada das vendas de publicidade.
A quantidade de dados que a empresa capta dos utilizadores permite que venda espaço publicitário como um bem direcionado, motivo pelo qual se espera que o negócio de publicidade do Facebook cresça muito nos próximos anos.
Os utilizadores com idades compreendidas entre os 25 e 34 anos são o maior grupo de utilizadores do Facebook em maio de 2021. As idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos constituem o grupo mais pequeno, sendo 4,5% dos utilizadores abrangidos por essa classificação.
O Facebook permite que as marcas comuniquem com os fãs e é por isso que os profissionais de marketing se esforçam para gerar comunidades e transformar esses seguidores em leads qualificadas.
Nos últimos anos, o Facebook tem atraído críticas repetidamente pela sua postura sobre a privacidade do utilizador. Os termos de privacidade e o seu controlo costumam ser ajustados e são considerados excessivamente complicados por muitos utilizadores.
Uma pesquisa entre utilizadores de internet nos Estados Unidos mostrou que muitos dos entrevistados estavam muito preocupados com a privacidade dos seus dados pessoais no Facebook e tomaram medidas para reformular a sua relação com a rede social.
Uma dessas etapas foi partilhar menos conteúdo com amigos e seguidores devido a questões de privacidade.
O escândalo Cambridge Analytica, em março de 2018, foi apenas um dos muitos casos que tornaram os utilizadores cada vez mais cautelosos quanto à utilização dos seus dados pessoais pela empresa.
Em setembro de 2012, o Facebook comprou a app Instagram por mil milhões de dólares americanos. O Instagram cresceu exponencialmente.
Outras aquisições notáveis incluem o headset para jogos VR Oculus Rift e a app de mensagens móveis WhatsApp, que foi comprada por 19 bilhões de dólares em fevereiro de 2014.
O impacto dos smartphones na estratégia de negócio
Dizer que as redes sociais são um fenómeno global é quase um eufemismo, já que o número de utilizadores de redes sociais em todo o mundo cresceu 3,6 mil milhões em 2020 e prevê-se que chegue aos 4,4 mil milhões em 2025, cerca de um terço de toda a população global.
À medida que o acesso à Internet e o uso de smartphones se expandem em todo o mundo, o uso das redes sociais não mostra sinais de desaceleração.
Em 2020, o uso médio diário de redes sociais por utilizador na Internet em todo o mundo atingiu 145 minutos por dia, com a China a ser responsável pelo maior número de utilizadores nas redes sociais.
Quanto tempo passam os portugueses nas redes sociais?
Os portugueses passam, em média, 129 minutos por dia nas redes sociais, sendo Portugal o quinto país da União Europeia com maior utilização destas plataformas e, por conseguinte, dos mais expostos a fenómenos como desinformação e propaganda política.
Os dados constam de um relatório divulgado pelo Centro Comum de Investigação (CCI), o serviço científico interno da Comissão Europeia, sobre «Tecnologia e democracia», realizado por investigadores comunitários para «compreender a influência das tecnologias digitais no comportamento político e na tomada de decisões».
Segundo o documento, no ano passado, «48% dos cidadãos da União Europeia utilizavam redes sociais todos os dias ou quase todos os dias», sendo certo que «o tempo médio diário de utilização – através de qualquer dispositivo – variou entre os 129 minutos em Portugal e os 64 minutos na Alemanha».
O Facebook, que gera quase todas as suas receitas com a venda de anúncios a empresas que querem chamar a nossa atenção, vai explorar como ganhar dinheiro real com podcasts ou com a transformação do WhatsApp, na forma de uma loja de roupa ou de uma frutaria vender produtos.
Uma razão pela qual o Facebook se tornou a empresa que conhecemos hoje é por Zuckerberg e outros executivos compreenderam antes de quase todos como a Internet – e os smartphones acima de tudo – mudariam as comunicações humanas e dariam ao Facebook novas formas de lucrar com essas interações.
Quase 98% dos utilizadores noruegueses no Facebook entraram na plataforma através dos seus telefones móveis em 2021. A maioria dos entrevistados nórdicos usaram o Facebook em telemóveis.
Os executivos técnicos não são oráculos, mas Zuckerberg acertou em algumas grandes previsões. Os investidores do Facebook esperam muito provavelmente que todas estas invenções reforcem a popularidade e mantenham todos ricos durante anos futuros.