A situação atual levanta muitas questões quanto a um futuro pós-pandemia, entre elas a maneira como vamos aprender e ensinar.

Os avanços na tecnologia impulsionaram o setor de educação nas últimas décadas. A Teoria da Pirâmide da Aprendzagem de William Glasser, pode ajudar-nos na reflexão.

Algumas pesquisas mostraram que as salas de aula com pouca tecnologia podem impulsionar a aprendizagem.

Mais tecnologia, métodos de avaliação mais práticos e alunos mais autónomos são algumas das tendências a que as escolas dificilmente vão escapar.

O processo de aprendizagem

A estimulação do cérebro no processo de aprendizagem ocorre através dos cinco sentidos: Visão, Audição, Olfato, Tato, Gosto.

Os cientistas concluíram que a visão é o sentido que mais influencia a aquisição e retenção de informação.

Os cinco sentidos têm, assim, uma ordem de importância no processo de aprendizagem e retenção da informação (ver imagens com a teoria de William Glasser)

Quando falamos da formação profissional, é necessário ter em consideração que os nossos sentidos são canais privilegiados de acesso à formação.

🔷 A informação retida algumas horas depois da formação varia de acordo com os recursos didáticos utilizados, já que retemos:
• 20% do que ouvimos (informação oral);
• 30% do que vemos (informação visual);
• 50% do que vemos e ouvimos (informação audiovisual)

🔷 E essa oscilação continua a ser significativa alguns dias depois da formação, na medida em que retemos:
• 10% do que ouvimos (informação oral);
• 20% do que vemos (informação visual);
• 45% do que vemos e ouvimos (informação audiovisual)

Pirâmide da Aprendizagem de William Glasser

Deslize as imagens para ver mais >

Como vamos aprender e ensinar?

Os estudos mostram que alunos que fazem anotações manuscritas têm melhor memória do que alunos que fazem anotações digitais.
Essas são as conclusões de um relatório da consultoria McKinsey sobre o desempenho dos estudantes até aos 15 anos em toda a Europa.

Outra desvantagem da tecnologia em salas de aula pode ser a exposição dos alunos aos recursos de verificação ortográfica e autocorreção numa idade mais precoce, o que os torna menos hábeis nas capacidades de ortografia e escrita.

💭 A escola do futuro não é necessariamente uma escola repleta de tecnologia, é aquela que permite a cada aluno desenvolver os seus próprios talentos, que promove um ensino diferenciado, onde os alunos são desafiados a pensar, a explorar, a comu­nicar e a criar.

A tecnologia é muito mais que apenas equipamentos, máquinas e computadores.

Ter acesso a informação não quer dizer ter conhecimento, muito me­nos sabedoria.

Dar aos alunos acesso a iPads, laptops ou e-books na sala de aula parece prejudicar a sua aprendizagem

🤔 Porém, colocar essa tecnologia nas mãos de um professor está associado a resultados mais positivos.
Em alguns países, adicionar um computador do professor por sala de aula teve um impacto 10 vezes superior na melhoria do desempenho educacional.

O investimento ao nível tecnológico nas escolas, não devia priorizar quadros interativos, mas sim robustas redes “wireless” , “computadores” e “câmaras”.
Computadores que não sejam obsoletos e com diferentes programas ultrapassados.

Este “novo normal” acelerou as dimensões mais rígidas da escola tradicional. Além das competências digitais, o futuro terá que aumentar a autonomia de quem ensina.

Reabertura das escolas e o ensino

Mais de 70 países já anunciaram os seus planos para a reabertura das escolas, depois de meses de encerramento e ensino à distância na medida do possível.

É seguro?
O que pode ser feito para minimizar os riscos?

Há um princípio que todos querem seguir: o ensino deve voltar a ser presencial para todos e só perante a deterioração das condições sanitárias se deve passar a outros cenários que, como ficou demonstrado, prejudicam quem já tem mais dificuldades.

Horários de entrada, saída e refeições desfasadas, aulas ao ar livre, turnos e redução de alunos por sala, limpeza e higiene reforçadas, distância física, circuitos e grupos que não se misturam.

Estes são alguns exemplos de regras que estão a ser aplicadas em vários países como forma de tentar evitar que surjam surtos nas escolas.

As universidades e institutos politécnicos devem privilegiar as “atividades presenciais” no próximo ano letivo e para isso devem tomar medidas, como o uso obrigatório de máscaras, a limpeza e desinfeção dos espaços comuns e o alargamento da semana letiva para incluir aulas ao sábado, fazem parte do plano sugerido esta semana pelo Ministério do Ensino Superior, em Portugal.

O ministro pede especial atenção aos estudantes do 1º ano, frisando ser importante que estes estejam presencialmente no campus para “reforçar a sua vinculação” à escola e ao curso.

No final de Julho, o Observador noticiava que a maioria dos estudantes da Universidade Católica admite preferir o modelo presencial de aulas, apesar de reconhecerem que dificilmente haverá uma retoma integral já em setembro.

(66%) admitiu dificuldades em manter o mesmo grau de concentração durante as atividades síncronas ‘online’.

A era Covid-19 está a causar uma alteração na forma de aprendizagem tradicional.

As startups de tecnologia educacional dos EUA levantaram mais de US $ 1 mil milhões entre janeiro e julho de 2020, um aumento de 220% em relação ao financiamento do ano passado, de acordo com a Venture Intelligence.

Estão as escolas e universidade preparadas para o ensino remoto?
Preparadas para a aceleração na adoção de tecnologia educacional?

Os professores em época de pandemia

Em Portugal, há 12 mil professores com doenças de risco que podem ter de faltar às aulas no próximo ano letivo de acordo com a Fenprof.
Situação deverá afetar todos os agrupamentos escolares.

É também curioso que 85% dos professores que foram inscritos nos quadros em 2020, têm mais de 40 anos, uma percentagem elevada que corresponde a cerca de 742 docentes, de um total de 872, avança a Federação Nacional dos Professores.

Só existe 1 professor abaixo dos 35 anos.

A grande maioria tem de estar em funções uma média de 16 anos e meio, para que lhes seja concedida uma ligação permanente com o Ministério da Educação.

Acho que estamos todos conscientes, que na maioria dos casos o vencimento dos professores é muito aquém das suas responsabilidades e importância das funções,

Todos os anos, os professores contratados, vivem anualmente a angústia e a incerteza de saberem a localidade e escola onde vão trabalhar e respetivos horários.

A educação não é mérito de um único professor ou de uma única escola, mas é preciso criar condições.

Educação Online e a qualificação dos profissionais

O coronavírus devia ser um alerta para os governos repensarem como podem financiar a educação.

A educação online pode facilitar a “reciclagem” e a qualificação dos trabalhadores, por menos dinheiro do que as escolas tradicionais.

Aulas online de informática, contabilidade, empreendedorismo, entre outros, vão ser prioritários nos próximos tempos.

O CEO da Udacity, plataformas com cursos online de programação, dados ciência, IA, entre outros refere. “Mil milhões de pessoas vão perder os seus empregos nos próximos 10 anos devido à IA, e a COVID acelerou isso em cerca de nove anos, ” diz Dalporto.

“Não dá para requalificar mil milhões de pessoas no sistema universitário”

“Temos um modelo onde despejamos grandes quantidades de capital em educação lenta, não específica para a carreira ”,

Dalporto diz. “Se apenas reaproveitamos 10% disso, podíamos treinar 3 milhões pessoas em cerca de seis meses. ”

O CEO Jeff Maggioncalda, da plataforma Coursera, refere “A ideia de obter conhecimento profissional primeiro, conseguir um emprego, e depois garantir o diploma universitário online enquanto está a trabalhar, para muitas pessoas será economicamente mais eficaz.”

A aprendizagem online pode oferecer opções de aperfeiçoamento relativamente baratas.

O governo podia fornecer um crédito fiscal por trabalhador qualificado para as empresas que fornecem reciclagem no conhecimento.

Podiam ser implementados pacotes de indemnização nas empresas que incluem “créditos” de reciclagem.

Ou um programa em que as empresas tenham um taxa que auxilie os trabalhadores demitidos em encontrar novos empregos.

Nem todos trabalhadores estão interessados no estudo da ciência de dados, computação em nuvem ou inteligência artificial.

Aqueles que encontrarem uma maneira de mudar de campos mortos para profissões em crescimento, é provável que os trabalhos sejam melhores.

As microempresas, que empregam até nove trabalhadores, são aquelas que mais pesam em número tanto na economia nacional como na europeia.

É também por isso que podemos aproveitar a agilidade de empresas mais enxutas, para ter uma força de trabalho de coabitação e cooperação entre a máquina e o ser humano.