Na sequência do primeiro artigo “O Facebook cresce menos e o valor do cliente aumenta” sobre os investimentos dos gigantes Web, trago-vos agora o ecosistema do Facebook para diversificar as fontes de receita conforme anúncios recentes, vários dos quais no evento Facebook Developer Conference.
Competição nos meios de pagamento:
O gigante das redes sociais afirmou que actualmente se processa mais de um milhão de transações por dia para os jogadores de aplicações e respectivos anunciantes. O desejo do Facebook em converter 600 milhões de utilizadores em clientes pagantes é mais uma tentativa de outros projectos modelo para aumentar as fontes de receita.
A grande novidade de Março foi a possibilidade de utilizar o Facebook Messenger para enviar dinheiro a amigos, um sinal de que a plataforma social está a trabalhar para entrar no mundo bancário.
A transformação da plataforma móvel num serviço de pagamentos online, significa a possibilidade dos utilizadores associarem um cartão de débito Visa ou Mastercard à sua conta Messenger, para que possam realizar transações financeiras.
Recorde-se o Facebook Deals, um serviço de cupões lançado em 2011 – dos Presentes no Facebook – uma maneira para que os membros do Facebook enviem presentes físicos para outros membros, os créditos do Facebook, uma moeda virtual para a compra de bens virtuais no FarmVille e outros jogos de Facebook-embutidos. Estes ensaios podem ter tido impacto para este recente investimento de recursos humanos para impulsionar o Facebook Messenger como plataforma de pagamento.
PayPal tem apenas 162 milhões de contas ativas, contra o Facebook de 1,3 mil milhões.
Esta comparação ganha relevância tendo em consideração a nomeação do ex-presidente do PayPal, David Marcus, para liderar o Facebook Messenger em junho de 2014. Esta contratação foi consistente com os planos do Facebook para impulsionar a sua plataforma e aumentar as ofertas aos utilizadores;
Um relatório publicado quarta-feira (25 de Março), pela analista Smittipon Srethapramote da Morgan Stanley, referia que “o serviço de pagamento p2p vai incrementar mais receitas à Visa e a Mastercard Inc, em contraste com vários outros serviços de P2P que impulsionam uma parte substancial do seu volume por intermédio dos links diretos a contas correntes.
“Embora não esperemos que esta seja uma receita significativa no curto / médio prazo, se tivermos em conta a grande base de utilizadores do Facebook, esta parceria é relevante. Como plataforma de pagamento será importante acompanhar as oportunidades de rendimento de longo prazo para o Facebook e WhatsApp, como parte de uma plataforma de pagamento ou eCommerce maior”, recorda a analista.
Mas o Gmail não dorme e o site Re/code obteve acesso a um extenso documento com o nome Pony Express projetado para permitir que as pessoas possam pagar as suas contas através do Gmail, ao invés de ter que ir até o site de algum banco, intermediário ou fornecedor de serviço para completar um pagamento.
O novo serviço está previsto para ser disponibilizado no quarto trimestre deste ano, de acordo com o documento.
Nova fonte de receita: aplicações para Facebook Messenger
O Facebook separou a plataforma de Chat para uma aplicação móvel em Abril 2014. Pretende integrar diferentes aplicações, das quais 40 serão lançadas nos próximos dias.
A titulo de exemplo o Facebook fez referência à possibilidade de enviar pequenos vídeos “clips” da ESPN (canal de desporto), ou misturar efeitos especiais com imagens e vídeo, com a APP “Bad” um convite feito pelo Facebook à empresa de produção cinematográfica Robot de JJ Abrams, credibilizando a plataforma.
Assim o Messenger Facebook tornou-se uma “plataforma” com um programa de API próprio, com programadores contratados para incentivar empresas de software para a desenvolver aplicações específicas para integrar com o Facebook Messenger.
A integração com diferentes aplicações, onde funções como editar um vídeo e enviá-lo pelo app de mensagens em poucos passos vão enriquecendo a comunicação na rede social, cria também uma oportunidade de negócio.
Se nesta primeira fase as Apps vão ser gratuitas, é previsível que este formato seja uma nova fonte de receita da plataforma, com a opção de pagamento de Apps privadas.
Por enquanto, as aplicações de terceiros disponíveis para o Messenger incluem áreas formatos de filtros para fotos, criação de GIFs e vídeos. Com o lançamento da Plataforma Messenger, os utilizadores podem esperar mais aplicações através de uma ampla gama de funções num futuro próximo com apps gratuitas e previsivelmente (na minha opinião) pagas.
Pisca o olho para o E-Commerce: Messenger Business
Com a promessa de melhorar a comunicação entre prestadoras de serviço e os seus consumidores o Facebook quer mudar a maneira como as pessoas interagem com as empresas, capitalizando o processo de comunicação. Por exemplo o processo de compra on-line, onde recibos, e-mails de confirmação, notificações de envio e problemas de atendimento ao cliente, podem ser centralizados na caixa de entrada do Facebook Messenger.
Deixando de utilizar o email, o Facebook pretende que as atualizações de compras cheguem através do Messenger, com novos recursos multimedia e ferramentas de interação.
Na semana anterior à conferência “Facebooker Developer Conference”, o Facebook anunciou um sistema de pagamento de peer-to-peer, o que pode começar a prever-se um esforço educacional para que as empresas possam acrescentar a gateway de pagamento no Facebook. Tal significa que pode fazer todo o processo de compra e atendimento, sem nunca deixar o Facebook Messenger.
Na prática, ao adquirir um item no site de um E-Commerce, o utilizador pode optar por usar o serviço do Facebook ao invés do email. A loja, por sua vez, pode enviar o recibo e o código para acompanhar a sua entrega através do Messenger, apresentando um mapa atualizado em tempo real.
O Facebook pretende reduzir a burocracia e o distanciamento das marcas com o público, criando um espaço reservado para que o utilizador possa ver a informação pessoal relativamente à compra e integrando outras aplicações (exemplo do mapa) com o serviço de mensagens.