{"id":93800,"date":"2021-09-19T20:13:59","date_gmt":"2021-09-19T19:13:59","guid":{"rendered":"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/?p=93800"},"modified":"2023-06-20T08:43:38","modified_gmt":"2023-06-20T07:43:38","slug":"150-amigos-redes-sociais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/150-amigos-redes-sociais\/","title":{"rendered":"As redes sociais mudaram as amizades? Teoria dos 150 amigos"},"content":{"rendered":"<p>A estrat\u00e9gia empresarial do Facebook consiste em encorajar os seus membros a fazerem o maior n\u00famero de amigos poss\u00edvel e houve uma \u00e9poca em que os utilizadores tinham muitas liga\u00e7\u00f5es, associadas ao perfil.<\/p><p>Por volta de 2007, os internautas come\u00e7aram a interrogar-se sobre quem eram todas estas pessoas com quem tinham feito liga\u00e7\u00f5es virtuais.<\/p><style>.kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-table-of-content-wrap{padding-top:var(--global-kb-spacing-sm, 1.5rem);padding-right:var(--global-kb-spacing-sm, 1.5rem);padding-bottom:var(--global-kb-spacing-sm, 1.5rem);padding-left:var(--global-kb-spacing-sm, 1.5rem);background-color:#e0f3ff;}.kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-table-of-contents-title-wrap{padding-top:0px;padding-right:0px;padding-bottom:0px;padding-left:0px;}.kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-table-of-contents-title{font-weight:regular;font-style:normal;}.kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-table-of-content-wrap .kb-table-of-content-list{font-weight:regular;font-style:normal;margin-top:var(--global-kb-spacing-sm, 1.5rem);margin-right:0px;margin-bottom:0px;margin-left:0px;}.kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-toggle-icon-style-basiccircle .kb-table-of-contents-icon-trigger:after, .kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-toggle-icon-style-basiccircle .kb-table-of-contents-icon-trigger:before, .kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-toggle-icon-style-arrowcircle .kb-table-of-contents-icon-trigger:after, .kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-toggle-icon-style-arrowcircle .kb-table-of-contents-icon-trigger:before, .kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-toggle-icon-style-xclosecircle .kb-table-of-contents-icon-trigger:after, .kb-table-of-content-nav.kb-table-of-content-id_4b313d-f5 .kb-toggle-icon-style-xclosecircle .kb-table-of-contents-icon-trigger:before{background-color:#e0f3ff;}<\/style><p>Na d\u00e9cada de 1990, o antrop\u00f3logo brit\u00e2nico Robin Dunbar popularizou a teoria do n\u00famero de Dunbar, afirmando que <strong>o ser humano s\u00f3 consegue manter cerca de 150 rela\u00e7\u00f5es sociais<\/strong>, uma regra aplicada \u00e0s redes sociais. Trata-se de um limite cognitivo sugerido para o n\u00famero de pessoas com quem se pode manter relacionamentos sociais est\u00e1veis \u200b\u200b- relacionamentos nos quais um indiv\u00edduo sabe quem \u00e9 cada pessoa e como cada pessoa se relaciona com todas as outras.<\/p><p>Se exceder 150 \u00e9 improv\u00e1vel que uma rede dure muito ou tenha uma boa consist\u00eancia.<\/p><p>De acordo com a teoria, <strong>o c\u00edrculo mais fechado tem apenas cinco pessoas<\/strong> &#8211; entes queridos.&nbsp;<\/p><p>Isso \u00e9 seguido por camadas sucessivas: <\/p><ul class=\"wp-block-list\"><li>15 (bons amigos)<\/li><li>50 (amigos)<\/li><li>150 (contactos significativos)<\/li><li>500 (conhecidos)<\/li><li>1500 (pessoas que pode reconhecer).<\/li><\/ul><p><\/p><p>As pessoas migram para dentro e para fora dessas camadas, mas a ideia \u00e9 que o espa\u00e7o deve ser aberto para quaisquer novos participantes.<\/p><p>Seguiu-se no Facebook uma grande onda de purga de \u00abamigos\u00bb e \u00abo n\u00famero de Dunbar\u00bb tornou-se conhecido em todo o mundo.<\/p><p>Esta pequena notoriedade deve-se \u00e0 tecnologia moderna: <strong>\u00abo n\u00famero de Dunbar\u00bb \u00e9 na realidade um princ\u00edpio enraizado na biologia evolutiva.<\/strong><\/p><p>Os humanos podem ser animais sociais, mas a sociabilidade \u00e9 um ato de malabarismo dif\u00edcil e, tal como noutros primatas, o tamanho dos nossos c\u00e9rebros condiciona o tamanho da nossa rede social.<\/p><p>Em 2021 <meta charset=\"utf-8\">o antrop\u00f3logo veio refor\u00e7ar as investiga\u00e7\u00f5es que realizou h\u00e1 cerca de 20 anos, em como n\u00e3o podemos ter rela\u00e7\u00f5es significativas com mais de 150 pessoas. <\/p><p><strong>E n\u00e3o depende do car\u00e1ter, soci\u00e1vel ou n\u00e3o, de cada um<\/strong>: somos todos bastante semelhantes a este respeito. <\/p><blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u00abEu e os meus colegas fizemos algumas descobertas esclarecedoras sobre quanto tempo passamos a cultivar rela\u00e7\u00f5es em redes sociais, como as<br>amizades se formam e se dissolvem, e o que cada um de n\u00f3s espera dos seus amigos. <\/p><p>A nossa grande surpresa foi identificar a exist\u00eancia, em cada indiv\u00edduo, de uma \u00abpegada social\u00bb t\u00e3o \u00fanica como a impress\u00e3o digital, uma forma espec\u00edfica de cada pessoa distribuir os seus esfor\u00e7os de sociabilidade, e que evolui surpreendentemente, seja qual for a composi\u00e7\u00e3o do c\u00edrculo de amigos.<\/p><p>Por outro lado, esta impress\u00e3o social diz muito sobre a personalidade e sem d\u00favida condiciona parcialmente a resist\u00eancia de cada indiv\u00edduo \u00e0 redu\u00e7\u00e3o das rela\u00e7\u00f5es sociais durante a pandemia da COVID-19. \u00bb<\/p><cite><meta charset=\"utf-8\"><p>Em <meta charset=\"utf-8\">Friends: understanding the power of our most important relationships<\/p><\/cite><\/blockquote><p>Numa esfera social de cerca de 150 pessoas existem de facto v\u00e1rios c\u00edrculos conc\u00eantricos que cont\u00eam um n\u00famero de indiv\u00edduos,, bem preciso, em fun\u00e7\u00e3o da <strong>frequ\u00eancia do contacto, do grau de intimidade e da disposi\u00e7\u00e3o para a entreajuda.<\/strong> <\/p><p>Na nossa esfera social devemos primeiro distinguir entre duas categorias bastante diferentes:<\/p><ul class=\"wp-block-list\"><li>Os amigos <\/li><li>E a fam\u00edlia. <\/li><\/ul><p>A prefer\u00eancia \u00e9 geralmente dada a esta \u00faltima: <strong>os membros da fam\u00edlia t\u00eam o seu lugar autom\u00e1tico nesta rede social de cerca de 150 pessoas<\/strong>, que depois completamos com amizades sem la\u00e7os de parentesco. <\/p><p>Isto tamb\u00e9m explica por que raz\u00e3o as pessoas de fam\u00edlias numerosas geralmente t\u00eam menos amigos do que outras.<\/p><p><\/p><blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u00abA minha an\u00e1lise mostrou que, em m\u00e9dia, as intera\u00e7\u00f5es sociais representam aproximadamente 20% do tempo de um indiv\u00edduo: cerca de tr\u00eas horas e meia por dia s\u00e3o dedicadas a falar, comer, passar tempo com os outros, num contexto social\u00bb<\/p><cite><meta charset=\"utf-8\"><p><meta charset=\"utf-8\"><p> refere Robin Dunbar, no The Economist, 2021.<\/p><\/p><\/cite><\/blockquote><p>Isto pode parecer muito, mas se dividirmos equitativamente estas tr\u00eas horas e meia entre os nossos 150 amigos e familiares, \u00e9 apenas um minuto e 45 segundos por pessoa e por dia.<\/p><p>Hoje a nossa esfera social est\u00e1 muito mais dispersa geograficamente. <br><meta charset=\"utf-8\">N\u00e3o vivemos muito tempo na mesma rua, aldeia, cidade.<\/p><p><\/p><h2 class=\"wp-block-heading\">As amizades do mundo online: Facebook, jogos e a mente<\/h2><p>A escala pode ser <a href=\"https:\/\/qz.com\/1309564\/the-woman-who-taught-internet-strangers-to-actually-care-for-one-another\/\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">um dos problemas com os enormes <em>sites<\/em> de redes sociais que agora dominam nossas vidas. <\/a>E para alguns utilizadores do Facebook, <a href=\"https:\/\/www.buzzfeednews.com\/article\/annehelenpetersen\/facebook-private-groups-online-abuse\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">quanto menores e mais secretos os grupos<\/a>, melhor.<\/p><p>At\u00e9 agora, a pesquisa de Dunbar e outros acad\u00e9micos sobre relacionamentos <em>online<\/em> sugere que estes s\u00e3o semelhantes aos relacionamentos <em>offline<\/em> em termos de restri\u00e7\u00f5es num\u00e9ricas.<\/p><blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u00abQuando as pessoas olham para a estrutura do mundo dos jogos online, obt\u00eam virtualmente as mesmas camadas que obtemos em todos os outros contextos.\u00bb<br>\u00abE parece serem as mesmas caracter\u00edsticas de design da mente humana que est\u00e3o a impor restri\u00e7\u00f5es ao n\u00famero de indiv\u00edduos com os quais pode trabalhar mentalmente a qualquer momento.\u00bb<\/p><\/blockquote><p>Dunbar e colegas tamb\u00e9m realizaram pesquisas no Facebook, usando fatores como o n\u00famero de grupos em comum e mensagens privadas enviadas para mapear o n\u00famero de la\u00e7os contra a for\u00e7a desses la\u00e7os.<\/p><p><strong>Quando as pessoas t\u00eam mais de 150 amigos no Facebook ou 150 seguidores no Twitter, Dunbar argumenta que eles representam<\/strong> as <a href=\"https:\/\/www.technologyreview.com\/s\/428478\/three-questions-for-robin-dunbar\/\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">camadas externas normais de contactos<\/a> (ou as <a href=\"https:\/\/www.nytimes.com\/2019\/05\/06\/smarter-living\/why-you-need-a-network-of-low-stakes-casual-friendships.html\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">conex\u00f5es de baixo risco<\/a>): 500 e 1500.<\/p><p>De acordo com a empresa alem\u00e3, statista, especializada em estudos de mercado, o n\u00famero m\u00e9dio de amigos do Facebook nos EUA era o seguinte:<\/p><ul class=\"wp-block-list\"><li>40,4% dos utilizadores do Facebook tinham at\u00e9 200 amigos no seu perfil pessoal e 20,8% tinham at\u00e9 500 amigos ou mais no seu perfil pessoal.<\/li><li>Na Austr\u00e1lia, o utilizador m\u00e9dio entre 18 e 29 anos tem em m\u00e9dia 400 amigos na plataforma. Os mais idosos (com 65 anos ou mais) s\u00e3o mais seletivos, tendo em m\u00e9dia pouco menos de 70 amigos no Facebook.<\/li><\/ul><p><strong>Para a maioria das pessoas, a intimidade pode simplesmente n\u00e3o ser poss\u00edvel al\u00e9m de 150 conex\u00f5es.\u00a0<\/strong><\/p><p>Mas a pr\u00f3pria pesquisa de Dunbar sugere diferen\u00e7as geracionais a esse respeito.&nbsp;<\/p><p>Aqueles com idade entre 18 e 24 anos t\u00eam <a href=\"https:\/\/royalsocietypublishing.org\/doi\/full\/10.1098\/rsos.150292\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">redes sociais <em>online<\/em> muito maiores do<\/a> que aqueles com 55 anos ou mais. E a primazia do contacto f\u00edsico na hip\u00f3tese do c\u00e9rebro social pode aplicar-se menos a jovens que nunca conheceram a <a href=\"http:\/\/www.bbc.com\/future\/story\/20170207-what-if-the-internet-stopped-for-a-day\" target=\"_blank\" rel=\"noopener\">vida sem a internet<\/a>, para quem as rela\u00e7\u00f5es digitais podem ser t\u00e3o significativas quanto as anal\u00f3gicas.<\/p><p>Marc Benioff, presidente-executivo da Salesforce, ofereceu uma met\u00e1fora sobre o impacto das empresas de redes sociais.<\/p><blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cO Facebook \u00e9 o novo cigarro\u201d<br>&#8220;\u00c9 viciante. Isso n\u00e3o \u00e9 bom&#8221;<\/p><\/blockquote><p><meta charset=\"utf-8\">Em 2018, o Facebook fez uma mudan\u00e7a anunciada no seu algoritmo, projetada para melhorar a sua plataforma &#8211; e interromper os sinais de redu\u00e7\u00e3o das intera\u00e7\u00f5es dos utilizadores. <\/p><p>Zuckerberg declarou que o seu objetivo era fortalecer os la\u00e7os entre os utilizadores e melhorar o seu bem-estar, promovendo intera\u00e7\u00f5es entre amigos e familiares.\u00a0<br>Os documentos do Facebook,  publicados pelo <em>The Journal<\/em>, revelam que os funcion\u00e1rios alertaram que a mudan\u00e7a estava a surtir o efeito contr\u00e1rio.\u00a0<br>Aqueles que usavam a rede social Facebook estavam mais exaltados com rea\u00e7\u00f5es adversas na intera\u00e7\u00e3o entre pessoas, mais furiosos.<br>\u00a0Zuckerberg resistiu a algumas corre\u00e7\u00f5es propostas pela sua equipa, por que, como mostram os documentos,  temia que elas levassem as pessoas a interagir menos com o Facebook.<\/p><p class=\"has-background\" style=\"background-color:#f2f7f9\"><br>Ler tamb\u00e9m: <a href=\"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/privacidade-the-facebook-files\/\">O futuro n\u00e3o \u00e9 privado: The Facebook Files, Instagram e os adolescentes<\/a><\/p><h2 class=\"wp-block-heading\"><br>O poder da amizade: 30 minutos e o efeito dos 3 anos<\/h2><p>Na an\u00e1lise das redes sociais no sentido sociol\u00f3gico, existe um princ\u00edpio muito forte da <strong>\u00abregra dos 30 minutos\u00bb<\/strong>: o tempo que estamos dispostos para nos encontrarmos com algu\u00e9m.<\/p><p>N\u00e3o importa se o trajeto se faz a p\u00e9, de bicicleta ou de carro, o que importa \u00e9 o significado psicol\u00f3gico deste per\u00edodo de tempo.<\/p><p>Quanto mais longe vivemos de um amigo, mais a frequ\u00eancia das chamadas telef\u00f3nicas diminui, com uma queda acentuada a partir dos cerca de 160 quil\u00f3metros de dist\u00e2ncia.<\/p><p><strong>A falta de contacto contribui para um enfraquecimento das rela\u00e7\u00f5es.<\/strong><\/p><p>Estes comportamentos podem ser explicados pela fragilidade da amizade.<\/p><p>Ao contr\u00e1rio dos la\u00e7os familiares, as amizades exigem que cada pessoa dedique tempo e aten\u00e7\u00e3o suficientes ao outro para manter a rela\u00e7\u00e3o.<\/p><p>Assim que nos vemos menos, seja voluntariamente ou por for\u00e7a das circunst\u00e2ncias, a rela\u00e7\u00e3o torna-se menos estreita.<\/p><p>Bob Kraut, um investigador da Universidade Carnegie Mellon (Pensilv\u00e2nia), calculou que, <strong><mark class=\"kt-highlight\">em apenas tr\u00eas anos, os la\u00e7os profundos de amizade podem desfazer-se ao ponto de os amigos serem apenas meros conhecidos. <\/mark><\/strong><\/p><p>Algumas amizades, \u00e9 verdade, revelam-se \u00e0 prova do tempo e da dist\u00e2ncia: \u00e9<br>raro uma pessoa ter mais de tr\u00eas ou quatro amigos assim, e estas s\u00e3o frequentemente pessoas de quem \u00e9ramos muito pr\u00f3ximos no in\u00edcio da nossa vida adulta. <\/p><p>Contudo, antes da generaliza\u00e7\u00e3o da internet, das redes sociais e dos telem\u00f3veis, muitas amizades desvaneciam-se naturalmente quando um dos amigos se mudava.<\/p><p>Ser\u00e1 que a tecnologia mudou realmente a esfera social? De acordo com o estudo de Sam Roberts, da Universidade de Chester (Reino Unido), e do professor de psicologia evolutiva da Universidade de Oxfotd, <span style=\"font-size: revert; color: initial;\">Robin Dunbar,<\/span> <strong>muitas vezes, nas amizades, substitui-se um indiv\u00edduo por outro na nossa esfera social<\/strong>. Parecemos atribuir ao novo amigo exatamente o mesmo lugar que o antigo, pelo menos em termos de frequ\u00eancia de contacto. <\/p><p>Esta foi a grande revela\u00e7\u00e3o desse trabalho: existe uma marca social pr\u00f3pria de cada indiv\u00edduo.<\/p><p>A frequ\u00eancia com que a pessoa contacta cada um dos seus amigos tem que ver, sem d\u00favida, com os tra\u00e7os de personalidade \u2013 quer seja mais ou menos extrovertido, mais ou menos neur\u00f3tico, mais ou menos consciencioso, em particular. <br><br>A impress\u00e3o social difere entre os sexos. No decurso do estudo, algumas amizades revelaram-se mais fortes do que outras. <br><br><strong><mark class=\"kt-highlight\">Para as mulheres<\/mark><\/strong>, no seu conjunto, a atividade mais prop\u00edcia para manter uma amizade pr\u00e9-universit\u00e1ria parecia ser falar, pessoalmente ou ao telefone. <br><strong><mark class=\"kt-highlight\">Para os rapazes<\/mark><\/strong>, por seu lado, a conversa n\u00e3o teve qualquer efeito sobre as hip\u00f3teses de sobreviv\u00eancia de uma amizade.<br>Fazer mais coisas juntos, mais frequentemente do que antes, era o segredo: ir beber um copo, fazer desporto, praticar escalada, etc. Pr\u00e1ticas que tamb\u00e9m tiveram efeitos positivos nas amizades femininas, mas em muito menor grau<\/p><p>Outras pesquisas, conduzidas por Talayeh Aledavood, na Universidade do Alto, mostraram a influ\u00eancia de outro tra\u00e7o de personalidade nesta pegada social.<\/p><p>A conclus\u00e3o talvez n\u00e3o seja t\u00e3o surpreendente, mas o facto \u00e9 que, dependendo de ser uma pessoa da manh\u00e3 ou da noite, a rede social n\u00e3o \u00e9 a mesma.<\/p><p>De facto, as restri\u00e7\u00f5es impostas \u00e0 nossa vida social pela COVID-19 podem ser mais dif\u00edceis para algumas amizades do que para outras.<\/p><h2 class=\"wp-block-heading\"><meta charset=\"utf-8\"><br>Encontrar amigos online na vida real: <meta charset=\"utf-8\">Marissa Meizz e o TikTok<\/h2><figure class=\"wp-block-image size-full\"><a href=\"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing.jpg\"><img loading=\"lazy\" decoding=\"async\" width=\"800\" height=\"300\" src=\"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/themes\/reco\/assets\/images\/transparent.gif\" data-lazy=\"true\" data-src=\"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing.jpg\" alt=\"redes sociais e os amigos do tiktok de marissa meizz\" class=\"wp-image-93917\" data-srcset=\"https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing.jpg 800w, https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing-555x208.jpg 555w, https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing-768x288.jpg 768w, https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing-100x38.jpg 100w, https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing-700x263.jpg 700w, https:\/\/fredericocarvalho.pt\/wp-content\/uploads\/2021\/09\/Marissa-Meizz-tiktok-marketing-550x206.jpg 550w\" data-sizes=\"auto, (max-width: 800px) 100vw, 800px\" \/><\/a><\/figure><p>Marissa Meizz, uma jovem americana tornou-se um meme na rede social TikTok depois dos seus amigos conspirarem e excluirem-na deliberadamente de uma festa de anivers\u00e1rio.<\/p><p>Ela publicou um v\u00eddeo no TikTok para revelar o sucedido:<\/p><blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cAs pessoas imediatamente come\u00e7aram a enviar-me mensagens a dizer: &#8216;Vamos ser amigos!&#8217;\u201d<\/p><\/blockquote><p>A hist\u00f3ria de Meizz ganhou for\u00e7a quando a pandemia de coronav\u00edrus transformou radicalmente os relacionamentos. <\/p><p>Algumas amizades antigas murcharam ap\u00f3s a falta de intera\u00e7\u00f5es pessoais e as pessoas criaram mais conex\u00f5es online para aliviar a solid\u00e3o. <\/p><p>Poucos dias depois da sua revela\u00e7\u00e3o no TikTok, a jovem americana, recebeu mais de 5.000 mensagens. <\/p><p>Estranhos  convidavam-na  para as suas festas de anivers\u00e1rio, inaugura\u00e7\u00f5es de casa e casamentos. Alguns que moravam fora da cidade de Nova York perguntaram se ela poderia abrir uma caixa postal para poderem ser amigos por correspond\u00eancia. <\/p><p>Milhares da <strong>Gera\u00e7\u00e3o Z<\/strong> (defini\u00e7\u00e3o sociol\u00f3gica para a gera\u00e7\u00e3o de pessoas nascidas, em m\u00e9dia, entre a segunda metade dos anos 1990 at\u00e9 o in\u00edcio do ano 2010) e <strong>Gera\u00e7\u00e3o Y ou Gera\u00e7\u00e3o da Internet <\/strong>(refere-se aos nascidos ap\u00f3s o in\u00edcio da&nbsp;d\u00e9cada de 1980&nbsp;at\u00e9, aproximadamente, ao final do s\u00e9culo),  <mark class=\"kt-highlight\">pareciam \u00e1vidos por novas rela\u00e7\u00f5es sociais<\/mark>, quando o ver\u00e3o come\u00e7ou e as restri\u00e7\u00f5es ao coronav\u00edrus foram suspensas.<\/p><p>Em junho, a Marissa Meizz publicou um v\u00eddeo no TikTok a incentivar todos aqueles que procuravam novos amigos para se encontrarem no Central Park num s\u00e1bado.&nbsp;<br>O v\u00eddeo tornou-se viral.&nbsp;No dia do encontro, compareceram 200 pessoas.&nbsp;<\/p><p>O evento foi um sucesso t\u00e3o grande que a Sra. Meizz come\u00e7ou&nbsp;<a href=\"https:\/\/nomorelonelyfriends.com\/\" rel=\"noreferrer noopener\" target=\"_blank\">No More Lonely Friends<\/a>&nbsp;, uma comunidade online de pessoas que procuram fazer amigos na vida real, com encontros em todo o pa\u00eds.<\/p><p>A jovem americana j\u00e1 realizou encontros em Los Angeles, San Francisco, Boston, Washington, Filad\u00e9lfia e em outros lugares.&nbsp;<strong>Os eventos s\u00e3o gratuitos<\/strong> e abertos a todos.&nbsp;Embora a multid\u00e3o seja maioritariamente jovem, centenas de participantes de todas as idades apareceram \u00e0 medida que a not\u00edcia dos eventos  se espalhou pelo TikTok.<\/p><blockquote class=\"wp-block-quote is-layout-flow wp-block-quote-is-layout-flow\"><p>\u201cEm algum momento, toda a gente j\u00e1 teve aquele sentimento de solid\u00e3o e pensou que n\u00e3o tem amigos\u201d, disse Max Grauer, 24 anos, que recentemente participou dum encontro.&nbsp;\u201cEstar trancado em casa meses a fio, h\u00e1 uma liberta\u00e7\u00e3o em sair, ver novas pessoas e conhecer novos rostos.\u201d<\/p><\/blockquote><p>Os encontros <strong>No More Lonely Friends<\/strong> s\u00e3o o exemplo mais recente de intera\u00e7\u00f5es online que se transformam em eventos da vida real durante a pandemia.<\/p><h2 class=\"wp-block-heading\"><br>Facebook esconde lista de amigos no Afeganist\u00e3o<\/h2><p>O Facebook adicionou v\u00e1rios recursos de seguran\u00e7a para ajudar as pessoas no Afeganist\u00e3o a controlar as suas contas, \u00e0 medida que aumentou o temor de repres\u00e1lias dos Talib\u00e3.<\/p><p>O chefe de seguran\u00e7a do Facebook disse que em Agosto 2021, a empresa desativou temporariamente a capacidade de visualizar e pesquisar as listas de amigos de contas do Facebook dentro do Afeganist\u00e3o. <\/p><p>A plataforma presenciou uma prolifera\u00e7\u00e3o de novas contas dos Talib\u00e3 apesar da proibi\u00e7\u00e3o do grupo, fornecendo uma ferramenta para ajudar os afeg\u00e3os a bloquear as suas contas rapidamente, caso temam ser alvos.<\/p><p>As medidas sem precedentes visam um dos recursos mais fundamentais do Facebook: <strong>a lista de amigos<\/strong>. <\/p><p>Eles representam um reconhecimento franco da empresa, que a sua capacidade de ligar o mundo, traz riscos de ter informa\u00e7\u00f5es pessoais dispon\u00edveis nas redes sociais.<\/p><p>Desde que os Talib\u00e3 retomaram o controlo do Afeganist\u00e3o, as promessas de amnistia e reconcilia\u00e7\u00e3o foram minadas por relatos de que os seus soldados tiveram a\u00e7\u00f5es de repres\u00e1lia e reprimindo \u00e0 for\u00e7a os protestos.<\/p><p>De acordo com o The New York Times,  desde que os militantes ocuparam cidades, incluindo Cabul, a capital, <strong>muitos afeg\u00e3os fecharam as suas contas nas redes sociais e apagaram mensagens com medo de que as suas pegadas digitais pudessem torn\u00e1-los alvos<\/strong> dos ex-insurgentes. <\/p><p>Os Talib\u00e3 tornaram-se utilizadores informados e sofisticados nas redes sociais. <br>Durante a ofensiva de ver\u00e3o que os catapultou ao poder, usaram as plataformas, as redes sociais, nomeadamente o Whatsapp para espalhar as suas mensagens.<\/p><p>O chefe de seguran\u00e7a do Facebook, Nathaniel Gleicher, tamb\u00e9m pediu \u00e0s pessoas com amigos no Afeganist\u00e3o que considerassem restringir as suas pr\u00f3prias configura\u00e7\u00f5es de privacidade.<\/p><p>O Facebook tem lutado para manter todas as contas dos talib\u00e3s inativas, mas dezenas de novas apareceram no site nos \u00faltimos dias, apresentando \u00e0 empresa a dif\u00edcil quest\u00e3o de como regulamentar um grupo que agora controla o Afeganist\u00e3o.<\/p><h2 class=\"wp-block-heading\"><br>A amizade n\u00e3o \u00e9 um prazer sup\u00e9rfluo<\/h2><p><strong>Os benef\u00edcios da amizade para o nosso bem-estar psicol\u00f3gico e f\u00edsico s\u00e3o imensos. <\/strong><\/p><p>E num mundo em constante mudan\u00e7a, para aproveitar ao m\u00e1ximo estes benef\u00edcios,<br>\u00e9 importante construir e manter amizades com tanta flexibilidade como consist\u00eancia<\/p><p><\/p><p>Robin Dunbar argumenta que a amizade funciona como uma bomba de endorfina. \u201cRir, cantar, dan\u00e7ar, partilhar uma refei\u00e7\u00e3o, trocar um abra\u00e7o ou tocar no bra\u00e7o um do outro\u201d, escreve, \u201ctodas estas coisas que partilhamos regularmente com amigos \u00edntimos desencadeiam o mesmo mecanismo cerebral: a liberta\u00e7\u00e3o de endorfinas, uma mol\u00e9cula envolvida na gest\u00e3o da dor pelo c\u00e9rebro\u201d.<\/p><p>Faz sentido que haja um n\u00famero finito de amigos que a maioria das pessoas pode ter.&nbsp;<\/p><p>O que est\u00e1 menos claro \u00e9 se essa capacidade est\u00e1 a ser expandida, ou reduzida, pelas formas, em constante mudan\u00e7a,   como  as pessoas interagem online.<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<p>A estrat\u00e9gia empresarial do Facebook consiste em encorajar os seus membros a fazerem o 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