A tecnologia é neste momento o factor competitivo mais perigoso entre EUA e China.

No mercado global a Huawei é considerado o fabricante nº 1 do mundo em equipamentos de rede 5G e, no segundo trimestre deste ano, a nº 1 como fabricante de telefones. (Insider Intelligence)

Os seus produtos são virtualmente proibidos nos EUA, e o seu CFO está em prisão domiciliar no Canadá há 18 meses, por fraude bancária, fraude eletrónica e roubo de segredos comerciais.

A China efetivamente proíbe alguns dos gigantes da tecnologia americanos, incluindo Google e Facebook de operarem no mercado.

A guerra da tecnologia está a ser travada em muitas frentes – I.A, 5G, reconhecimento de voz, reconhecimento facial, fintech, e outros.

A preocupação dos EUA mais premente é na Inteligência Artificial, porque a “inteligência” importa mais do que o poder de computação e a China tem uma população 4x superior. A China forma 1,3 milhões de alunos STEM – (Science, Technology, Engineering e Mathematics) – anualmente vs. 300.000 mil alunos na América.

A China forma anualmente 185.000 cientistas da computação vs. 65.000 na América.

A escala faz diferença.

Mas se a China parece uma economia prestes a esmagar os EUA, não é.

O futuro dessa rivalidade permanece altamente incerto.

A grande maioria das empresas chinesas – 68% – são empresas estatais;
Embora a lista chinesa inclua empresas como – Alibaba Group, Huawei, Lenovo – também inclui empresas da indústria do minério como o carvão, ou concessionárias de energia elétrica.

Em Portugal, as operadoras de telecomunicações Nos, Altice e Vodafone, que dominam o mercado, dizem que não fazem tenções de utilizar a tecnologia da Huawei (abrange servidores, gateways e routers que encaminham tráfego para as antenas) nas novas redes core 5G, apesar de o Governo não ter banido o gigante chinês da infra-estrutura.

Desde o ano passado que os Estados Unidos tentam convencer os seus aliados, incluindo Portugal, a não adquirir equipamentos de infra-estrutura para as redes 5G da Huawei, devido a receios de espionagem. Usar ou não a tecnologia da Huawei ganhou importância também na Europa, devido à pressão dos EUA para excluir a empresa chinesa.

Como as vendas na China, podem inspirar a Europa e o Mundo

O mercado de comércio electrónico da China é complexo, massivo e altamente competitivo.

As empresas e os seus modelos de negócios são em alguns casos diferentes de outros mercados.

Estatísticas do Ministério do Comércio na China (MOFCOM) mostram que em 2019, as vendas do retalho (br=varejo) online de produtos criaram um aumento de 33% nos empregos.

😮 A previsão da E-Marketer é que as vendas de comércio electrónico do retalho, na China cresçam 16% este ano (já a contar com a pandemia)

Mas as condições no terreno também são importantes. Em junho, a fibra ótica chegou a 70% do território e 96,6% dos municípios foram abrangidos pelo serviço de entrega expresso.

O governo chinês providenciou formação de e-commerce a 1,22 milhões de mulheres. As empresas de Internet são encorajadas a fazer parceria com regiões pobres para promover o comércio electrónico.

Alibaba e JD.com estão a apoiar as pequenas e médias empresas, oferecendo-lhes recursos para pagamentos no digital, microcréditos e outros serviços de marketing

Nos últimos meses, o gigante de e-commerce JD.com trabalhou com várias marcas, incluindo Budweiser e com a empresa de eletrodomésticos Gree, em iniciativas que visavam impulsionar as vendas através de clubes virtuais e experiências de compras, respectivamente.

Mais recentemente, o principal app de mensagens móveis na China, a WeChat, lançou a “Minishop”, que permite que os comerciantes abram uma loja online sem depender de desenvolvedores terceirizados. O novo serviço pode ajudar a simplificar os custos, principalmente para pequenas e médias empresas, bem como suporte para atendimento, transporte e logística.

💰Embora o comércio electrónico esteja alinhado com a vida moderna em todo o mundo com o impulso da Amazon ou do Alibaba , as compras online continuam a ser uma fracção das vendas globais do retalho.

Mesmo na China, as vendas online de bens físicos ainda representam um quarto das vendas globais no retalho, de acordo com dados oficiais.

Com o avanço do 5G, e o poder capital, o grande impulso para o comércio electrónico na China, pode ser uma inspiração para aplicar melhores iniciativas de competitividade no Mundo, na Europa e em Portugal.

WeChat e os jogos de poder

O plataforma chinesa WeChat, é um WhatsApp, Facebook, Amazon, Uber, Instagram, PayPal, Expedia e outros, todos reunidos numa app só.

A “US WeChat Users Aliance” são um grupo de utilizadores da WeChat nos Estados Unidos e estão a processar Donald Trump, numa tentativa de bloquear a ordem executiva que, segundo defendem, impediria o acesso à aplicação chinesa de mensagens extremamente popular nos EUA.

Quando a notícia foi divulgada a 6 de agosto que #Trump podia impedir o acesso ao WeChat, o pânico levou vários utilizadores a partilharam, guias passo a passo sobre como fazer download dos registos na plataforma, conversas, fotos e vídeos já partilhados que podiam ficar inacessíveis (à data ainda não está fora de hipótese)

💬 O WeChat tem 1,3 mil milhões de utilizadores mensais e apenas uma pequena fração está na América

Citando preocupações de segurança, esta acção iria afetar menos pessoas na América do que seu movimento semelhante contra o #TikTok

Além do utilização para contacto com amigos e família a falta de acesso do WeChat na América, teria impacto para muitos empresários que o usam o WeChat para negócios com a China.

📋 Na China, o WeChat é de longe mais que plataforma de rede social, já que é usada para ler notícias, fazer compras, pedir táxis, reservar voos, pagar contas, marcar compromissos com um médico, entre outros.

O proprietário do WeChat, Tencent, é um empresa de Hong Kong que não é diretamente controlada pelo estado.
Mas tem laços aconchegantes já que Ma Huateng (também conhecido como Pony Ma), o fundador e executivo da empresa, é um deputado na legislatura.

Empresas como a McDonald’s, Nike, Starbucks, Walmart e KFC usam o WeChat como comércio eletrónico.


✂️ Os analistas referem que se a app for proibida no mercado chinês, a Apple poderá perder cerca de 30% da sua receita. Contudo, se for só no mercado dos Estados Unidos essa perda poderá andar entre os 3 e os 6%.

As ferramentas de comunicação populares na América como WhatsApp, Gmail e Facebook Messenger são bloqueados pelo “grande firewall”.

Acesso à Internet na China

No final de 2019, o número de utilizadores de Internet móvel na China atingiu 1,31 mil milhões, o que significa 32,17% mundialmente. (dados do relatório de desenvolvimento de internet na China 2020)

🇨🇳 Na prática 94 por cento das pessoas na China podem usar a Internet a qualquer hora e em qualquer lugar.

A transição para o mundo online foi atribuída ao crescimento da conectividade global, especialmente em mercados emergentes e o acesso ao capital levaram a melhorias nas redes de comunicação.

Em junho de 2020, havia cerca de 4,83 mil milhões de utilizadores da Internet no mundo (Internet World Stats), o que significa que 62% da população está na Internet.

Em maio, a China construiu uma estação base com 5G, a uma altitude de 6.500 metros acima do nível do mar, no norte encosta do Monte Qomolangma, demonstrando a determinação para que o país tenha acesso a alta velocidade Internet numa vasta extensão territorial.

Com o rápido crescimento da Internet, é possível através da educação despertar a criatividade e estreitar lacunas de informação.

A população global deve chegar a 8,03 mil milhões de pessoas em 2023.

De acordo com a pesquisa da Cybersecurity Ventures, o número de utilizadores na Internet vai crescer 11,5% ao ano até o ano de 2022, impulsionado pela redução da lacuna da Internet entre os mercados emergentes e as nações desenvolvidas.

As duas maiores economias asiáticas (China e Índia) vão continuar a crescer o nº de utilizadores com acesso à internet, com a Cisco a mencionar que a Índia pode acrescentar 300 milhões de utilizadores em 2023 devido à rápida digitalização da sua economia.

A corrida ao dinheiro na China

Com o poderio tecnológico e pela escala populacional, o Banco central da China quer assumir a liderança na corrida para lançar uma moeda electrónica exclusivamente online.

A ideia é colocar a moeda em acção nos XXIV Jogos Olímpicos de Inverno, em 2022, na China.

☭ Há quem dica que a inovação está definida para fortalecer o comunismo.
O controle do partido sobre a China, do sistema monetário, restaurando o poder do governo sobre a tecnologia.

💸 Em 2017, o governo/agência reguladora impôs às empresas um limite de pagamento e depósito do dinheiro dos clientes numa reserva com taxa de juros zero.

As empresas argumentam que o caminho para o sucesso foi trilhado não com comportamentos contrários à livre concorrência, mas sim graças à conveniência e desempenho das plataformas.

🐉 A autoridade monetária na China, criou ainda a NetsUnion, que a AliPay e TenPay são obrigadas a usar, deixando de ser as donas dos dados sobre as transações.

Com uma moeda electrónica, a China vai ganhar ainda maior visibilidade e comando sobre, o dinheiro espalhado pelo sistema.

Após o facebook ter anunciado a “Libra” em 2019, o CEO Mark Zuckerberg avisou o Congresso que o mundo livre, arrisca perder a sua vantagem competitiva para a China.

A “Libra” reduziu as suas ambições depois de tropeços iniciais.

Os planos do Facebook e de outras empresas privadas de emitir os chamados “stablecoins” em títulos do governo podem interromper as garantias aos mercados financeiros, diz um novo documento de trabalho do Fundo Monetário Internacional.

Para já o Facebook lançou a “Facebook Financial (F2)” para supervisionar todos os projetos de pagamentos electrónicos da empresa, incluindo o Facebook Pay, lançado em 2019, que permite aos utilizadores enviar e receber dinheiro dentro do WhatsApp, Instagram e Messenger.

Em comparação com a China, é claro o atraso na inovação.

Os EUA beneficiam do status do dólar como a moeda de reserva global desde a Segunda Guerra Mundial.

Os EUA também enfrentam menos riscos de taxas de câmbio flutuante por exercerem maior influencia política monetária nas economias mais pequenas.

🇨🇳 O e-yuan representa a melhor possibilidade de desafiar o dólar como o moeda de reserva global.