Antes de definir uma estratégia de marketing digital:
é necessário ter um propósito, uma ideia mobilizadora, capaz de responder às aspirações da comunidade que procuramos satisfazer.
No processo de aquisição de conhecimentos inerente a uma bem sucedida estratégia digital, Philip Kotler, com os seus 83 anos e uma longa e profícua experiência, veio recordar numa entrevista recente à revista Exame/ Brasil, a importância do marketing digital na estratégia das empresas: “Temos de aumentar o nosso conhecimento de como usar o YouTube, Instagram, Pinterest, Twitter, LinkedIn e Facebook. É preciso aprender a medir o valor de cada um.”
A área do conhecimento e da formação apaixona-me. E, num mercado pequeno como o português, torna-se fundamental capitalizar a massa intelectual para os processos de afirmação das marcas, criando sinergias para aquisição de novas competências.
Muitas vezes, o investimento em marketing digital apresenta falhas, sendo que a maioria dos gestores dinamiza campanhas ou promove a criação de novas ferramentas, mas não mede eficazmente os seus resultados.
Como exercício de aquecimento, um responsável de marketing pode olhar para o site da sua marca, expectavelmente adaptado graficamente para Desktop, Tablet e Smartphone… ou será que continua a perder clientes que acedem ao seu site, via mobile? Seguidamente, há avaliar quantos clientes contactaram-nos através do site? Deles, quantos fecharam negócio? E dos que fecharam, serão vendas relevantes de clientes que pagam nos timings certos?
Com recurso à informação livre e instantânea e à tecnologia cada mais facilitada, as empresas têm de definir métodos e medir continuamente os seus resultados online.
A proliferação de plataformas sociais onde são criadas comunidades, veio colocar em evidência um importante factor do marketing: a troca.
a) Existem pelo menos duas partes envolvidas na relação online;
b) Cada uma das partes detém algo com potencial valor para a outra;
c) Cada uma das partes é livre para aceitar ou rejeitar a troca.
Partindo desse pressuposto, a estratégia digital de uma marca deve trabalhar na relação de troca com a sua comunidade.
Com o crescimento do Facebook, a evidência da criação de uma estratégia de relacionamento com base no conteúdo e na captação de mais informações da base de fãs, veio alertar as marcas para a importância do processo de relacionamento e a sua expansão para outras ferramentas de comunicação, criando uma conversa, um relacionamento, até chegar à venda.
Em “SocialNomics”, Qualman emprega este termo para descrever a economia na era das redes sociais e no mundo digital, onde os consumidores e as comunidades que estes criam online exercem uma influência profunda na economia e nos negócios de uma empresa.
Um bom exemplo para sedimentar este conhecimento prende-se com o valor de uma comunidade. Já ouviu falar na decrescente perda de relevância dos posts no Facebook, que leva a que menos fãs visualizem os conteúdos de uma marca?
A lei de MetCalfe. defende que a utilidade de uma rede para os seus membros aumenta exponencialmente com o número de utilizadores que esta agrega. De início, a rede pode ter pouco significado, porém, a partir de um certo ponto crítico, ficar de fora representa um prejuízo incomportável para quem se exclui ou é excluído.
Perante este cenário, importa uma estratégia de marketing digital de diversificação e orientação da marca para a captação de contactos da comunidade, com reforço em nichos onde o seu público-alvo está presente, permitindo a criação de um funil de vendas, orientado à experiência e personalização do consumidor.
Por fim, outra grande diferenciação será na oferta de um serviço de atendimento ao cliente elevado e qualitativo, apoio técnico e relações sociais que tornem a utilização de um produto ou serviço numa experiência melhor.
*Artigo escrito a convite da Briefing.pt
* veja também o meu artigo sobre estratégia: https://fredericocarvalho.pt/estrategia-em-epoca-de-incerteza/