O Valor do Cliente.

Acompanhei com interesse o live-stream gratuito de algumas palestras da conferência anual F8 Facebook Developer Conference, que decorreu em San Francisco durante 2 dias, quarta e quinta-feira passadas. O valor para assistir presencialmente às novidades do Facebook era de $495.
3000 participantes de todo o mundo presenciaram, através de uma produção de excelência, a consolidação do Facebook como um ecossistema, expandido as suas capacidades enquanto plataforma social para ser algo mais.

Quero aproveitar o fecho do primeiro trimestre de 2015 para, em vários artigos, maturar os investimentos dos gigantes Web e fazer uma reflexão sobre as novidades desta conferência.

O Google continua a ser o líder dominante na web e publicidade móvel. De acordo com dados da eMarketer, os críticos do Facebook citam que o Google lidera o mercado global de anúncios digitais, com 31% de participação de mercado global versus 5,8% do Facebook, e 49% de participação no mercado de receita móvel versus 17% do Facebook.

Gastos com publicidade Digital aumentaram globalmente 14,8% e a previsão para 2015 é um crescimento de 16,7%.

Dados recentes da comScore sugerem que os consumidores estão menos propensos a usar o Google Search nos seus dispositivos móveis (40% de alcance, por comparação com as redes sociais (85% alcance), o que significa uma preocupação neste modelo da Google.

Veja o gráfico com o crescimento e o impacto de Mobile Ads desde 2012, onde a receita de publicidade móvel já responde por mais de dois terços das receitas de publicidade do Facebook e 64% da receita total.

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fonte: facebook / statista

Em cada um dos últimos sete trimestres, os anúncios em mobile foram responsáveis por mais de 90% de crescimento da receita do Facebook.

Nos últimos três meses, as vendas de publicidade móvel totalizaram quase US $ 2,5 bilhões.

Abranda o crescimento, aumenta o Customer Value

O crescimento de utilizadores do Facebook tem vindo a abrandar ao longo dos anos: um crescimento de 260% em 2009; 69% em 2010; 39% em 2011; 25% em 2012; 16% em 2013; e 13% em 2015, o que significa que a curva de crescimento está a cair.

O abrandamento de crescimento dos 1.39 mil milhões de utilizadores, significa que o valor de receita por utilizador tem que aumentar ou que o Facebook tem que expandir mercado para continuar a crescer. Em todo o mundo, estudos apontam para uma média de 2,24 dólares de receita gerados por utilizador para a plataforma social. Não é novidade que os utilizadores norte-americanos são responsáveis ​​pela maior parcela da receita por utilizador: entre $6,44 e $5,79 a partir de publicidade, e $0,66 por transacções.

O investimento do Facebook na plataforma Atlas é um exemplo de diversificação e expansão dos seus serviços. Esta é uma plataforma que permite depender menos dos cookies para alcançar as pessoas certas no momento certo, através de diferentes dispositivos, em particular os móveis, bem como ajudar no acompanhamento de resultados com o acesso a dados demográficos.

Com um caminho claro na diversificação de novas fontes de receita, com as aquisições do Instagram, WhatsApp e Oculus VR , para citar alguns, a estratégia multifacetada da marca torna claro a sua necessidade de deixar de estar tão dependente da publicidade como principal motor de receitas.

No final de 2014, e no seguimento do abrandamento do ritmo de crescimento da plataforma, acompanhámos o esforço do CEO, Mark Zuckerberg, na aproximação ao mercado chinês, com políticas da plataforma mais compatíveis com as do governo da China e um esforço público de aproximação a este país, com mensagens em Mandarim.

Dois dos momentos mais famosos foram uma  entrevista de 30 minutos em mandarim numa Universidade e, mais recentemente, um vídeo para desejar felicitações pelo ano-novo chinês, uma comemoração adotada por diversas nações do oriente, que seguem um calendário tradicional distinto do ocidental, o calendário chinês.

O Facebook continua a ser proibido na China, que tem várias redes sociais, totalizando uma estimativa de 840 milhões de contas versos 1,35 bilhão de contas do Facebook ativos. Numa interessante entrevista em 2013, na conferência Y Combinator, Zuckerberg chega a mencionar que muitas das plataformas existentes copiam muito bem o que o Facebook tem estado a fazer.
Há 10 anos que o Facebook tenta dominar na Rússia e não consegue, pelo facto de o país ter uma plataforma praticamente semelhante com inovações constantes.

A China merece um foco especial, não só porque é notório o esforço do Facebook em conseguir crescer neste mercado, mas porque se o “claim” do Zuckerberg é conectar todas as pessoas através dos serviços, a entrada na China torna-se essencial. Podemos ver bem a importância deste claim através do projeto Internet.org, que se propõe a ampliar o acesso móvel à Internet em áreas rurais, onde grande parte da população chinesa ainda vive.

Pequim foi responsável pelos Jogos de Verão em 2008 e prometeu uma Internet livre e aberta. Quando a imprensa chegou à cidade, deu-se conta que muitos sites foram bloqueados com o consentimento do Comité Olímpico Internacional.
Ainda em fase de avaliação até julho de 2015, se os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 decorrerem na China, fontes da Reuteus anunciam que Pequim já se antecipou a anunciar que não vai bloquear sites durante estes Jogos. Durante duas semanas, sites como Facebook estariam livres.

A máquina em que o Facebook se tornou, já com 9.199 funcionários (Dez. 2014), para além dos vários negócios associados, exige uma inovação constante para manter a pesada estrutura que a empresa apresenta hoje em dia. O que não está nos títulos das notícias, mas é claro na estratégia do Facebook, é encontrar novos meios, através dos seus canais de distribuição, para aumentar as fontes de receita e ficar menos dependente da publicidade digital.


> Continue a ler este artigo, amanhã, terça-feira (31 de Março)

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